sexta-feira, 21 de junho de 2013


Cinema marginal

Muito se utiliza o termo “CINEMA MARGINAL” quando se fala sobre o cinema brasileiro de certa época, principalmente quando a época é a dos anos de mil novecentos e sessenta/setenta.
Entretanto, eu penso que o cinema brasileiro tem filmes marginais em toda sua história.
Senão vejamos.
Primeiramente é necessário definir corretamente o que é ser marginal.
A maioria das pessoas pensa que cinema marginal é aquele cinema rebelde, anárquico, que representa situações inusitadas, tanto ideológicas quanto de caráter fortemente sexual.
Para mim a expressão “CINEMA MARGINAL” é bem mais abrangente. É também o cinema que não chegou ao mercado ou foi mal exibido, principalmente por causa de um PRECONCEITO que sempre existiu sobre o cinema de ideias.
Existem filmes que não foram exibidos, ou o foram mal, porque não havia distribuição, ou os exibidores os recusavam, alegando falta de “qualidade”.
Se o problema era este então por que filmes estrangeiros de péssima qualidade sempre foram exibidos? Prestemos atenção no que a televisão passa nas “sessões da tarde”.
Humberto Mauro, em Cataguases, sob o ponto de vista da exibição realizou quatro filmes marginais.
Não venham me dizer que seus filmes eram piores do que aqueles do famoso ciclo de musicais carnavalescos da Atlântida, realizados nos anos mil novecentos e quarenta/cinquenta. Esses, na época, eram olhados pelos críticos com menosprezo, mas eram campeões de público, porque eram exibidos. Mais tarde se tornaram filmes cultuados, pois neles foram achadas características que refletiam a sociedade brasileira da época, e talvez, a partir daí se tenha solidificado o conceito que o cinema é o espelho do país que o produz.
Hoje está bem disseminada a ideia que no mundo da cultura tudo é válido.
No que tange ao cinema, existe uma separação bem visível entre o cinema comercial, aquele que chega à exibição, através dos milhões que são gastos para promover o filme e aquele que foi feito porque tem alguma coisa a dizer.
Sempre caberá ao espectador distinguir o tipo de cinema e sobretudo, exercer uma crítica ativa sobre o apresentado.
Através de uma educação cinematográfica, pelo hábito de se ver filmes, isso pode ser alcançado e assim, muita coisa que é tomada como marginal, porque o preconceito e o desconhecimento assim fazem crer, podem passar a representar conceitos novos contribuindo para uma mudança de atitudes em todas as frentes do conhecimento humano.
Uma mudança que em última análise é a educação.


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