Cinema marginal
Muito se utiliza o
termo “CINEMA MARGINAL” quando se fala sobre o cinema brasileiro
de certa época, principalmente quando a época é a dos anos de mil
novecentos e sessenta/setenta.
Entretanto, eu penso
que o cinema brasileiro tem filmes marginais em toda sua história.
Senão vejamos.
Primeiramente é
necessário definir corretamente o que é ser marginal.
A maioria das pessoas
pensa que cinema marginal é aquele cinema rebelde, anárquico, que
representa situações inusitadas, tanto ideológicas quanto de
caráter fortemente sexual.
Para mim a expressão
“CINEMA MARGINAL” é bem mais abrangente. É também o cinema que
não chegou ao mercado ou foi mal exibido, principalmente por causa
de um PRECONCEITO que sempre existiu sobre o cinema de ideias.
Existem filmes que não
foram exibidos, ou o foram mal, porque não havia distribuição, ou
os exibidores os recusavam, alegando falta de “qualidade”.
Se o problema era este
então por que filmes estrangeiros de péssima qualidade sempre foram
exibidos? Prestemos atenção no que a televisão passa nas “sessões
da tarde”.
Humberto Mauro, em
Cataguases, sob o ponto de vista da exibição realizou quatro filmes
marginais.
Não venham me dizer
que seus filmes eram piores do que aqueles do famoso ciclo de
musicais carnavalescos da Atlântida, realizados nos anos mil
novecentos e quarenta/cinquenta. Esses, na época, eram olhados pelos
críticos com menosprezo, mas eram campeões de público, porque eram
exibidos. Mais tarde se tornaram filmes cultuados, pois neles foram
achadas características que refletiam a sociedade brasileira da
época, e talvez, a partir daí se tenha solidificado o conceito que
o cinema é o espelho do país que o produz.
Hoje está bem
disseminada a ideia que no mundo da cultura tudo é válido.
No que tange ao cinema,
existe uma separação bem visível entre o cinema comercial, aquele
que chega à exibição, através dos milhões que são gastos para
promover o filme e aquele que foi feito porque tem alguma coisa a
dizer.
Sempre caberá ao
espectador distinguir o tipo de cinema e sobretudo, exercer uma
crítica ativa sobre o apresentado.
Através de uma
educação cinematográfica, pelo hábito de se ver filmes, isso pode
ser alcançado e assim, muita coisa que é tomada como marginal,
porque o preconceito e o desconhecimento assim fazem crer, podem
passar a representar conceitos novos contribuindo para uma mudança
de atitudes em todas as frentes do conhecimento humano.
Uma mudança que em
última análise é a educação.
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